terça-feira, 20 de abril de 2010

Democracia ou Demagogia?


Há muito que se vem discutindo sobre o que deve ser notícia e o que não pode ser notícia. Em 1967 - durante o regime militar - a Lei de Imprensa previa, entre outros pontos a censura aos meios de comunicação. Mas a ditadura caiu e a liberdade de imprensa tornou-se preponderante à liberdade de expressão, à democracia e ao povo no poder. Ledo engano. Hoje a censura é capital e a liberdade de imprensa baseada no investimento em propaganda, como afirma a jornalista Bia Falcão, da Agência Carta Maior, em artigo publicado pelo Observatório da Imprensa, "Ao contrário do que afirma a grande imprensa, as ameaças à liberdade de expressão no país não vêm das iniciativas de regulação da mídia. No Brasil, é o sistema de concessões e renovação de outorgas de rádio e TV um dos principais mecanismos de concentração da propriedade da mídia e ausência da pluralidade de vozes nos meios de comunicação. Por outro lado, as verbas governamentais para publicidade se transformaram numa nova maneira de influênciar a cobertura dos veículos impressos". Não são poucos os profissionais de comunicação que não tenham como lembrança fatos ou pautas deixadas de lado apenas para não macular a imagem de um anunciante forte. De acordo com levantamento do Grupo de Mídia São Paulo, que faz uma avaliação anual do tamanho do mercado anunciante no Brasil, em 2008 foram gastos R$ 23 bilhões em publicidade no país. Somados, todos os governos municipais, estaduais e federal totalizaram R$ 2,7 bilhões. Somente o governo de São Paulo saltou de R$ 59 milhões de publicidade oficial em 2007 para R$ 158 milhões em 2008. Os Ministérios da Educação, do Turismo e da Saúde, juntos, gastaram R$ 628 milhões no mesmo ano. Todos estes números apenas ratificam o que os mais cabreiros não conseguem explicar. Como argumenta o jornalista Eugênio Bucci, professor da Universidade de São Paulo e articulista do jornal O Estado de S.Paulo, "por meio da verba governamental, interesses dos governos adquirem uma entrada privilegiada nas redações dos jornais, influenciando na pauta e minando a liberdade de imprensa. Na prática, os anúncios são a continuação da propaganda eleitoral fora do período de campanha. Não é à toa que são feitas pelas mesmas equipes, com a mesma linguagem". Assim continuamos reféns de um mercado invisível sem saber como reagir aos interpérios de um Governo que entrega a saúde aos cuidados de fundações escusas, que através dos salários mais baixos do Brail enfraquece a justiça de acesso comum (Denfesoria Pública) e sem rodeios manipula números em benefício de uma reputação herdada do vovô.


"Muda que o medo é um modo de fazer censura"
(Gabriel Pensador)

Um comentário:

  1. Valeu a iniciativa e o layout do blog. bota prá fuder, que vc tem muito o que mostrar.
    Abraço.

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