quarta-feira, 16 de junho de 2010

O circo da CBF e a força do povo argentino


Minha vida sempre foi pautada por copas do mundo. Quando criança projetava minha idade de acordo com as copas. Em 1986 já pensava que iria estar muito velho na copa de 94. O muito velho seria 15 anos. Hoje com mais de 30 na cara repenso meus sonhos e vejo que nada do que eu imaginava foi como pensei. Nada.

Tudo completamente diferente do que eu imaginei. A decepção com a vida é proporcional a decepção com o futebol. Lembro que chorei muito na derrota para a Argentina nas oitavas da copa de 90 e hoje prefiro os Hermanos ao selecionado da CBF.

Venho sendo muito criticado quando exponho esse pensamento e justifico comparando nossos povos. Posso fazer essa comparação até utilizando o futebol. Lembro de um jogo entre o River Plate (ARG) e o São Paulo no Morumbi. Não lembro da data, mas já faz um tempo.

O jogo valia vaga na final da Libertadores da América e em determinado momento começou um quebra pau entre as organizadas do time argentino. Hermano contra Hermano. O pau comendo até a PM brasileira ser acionada.

O que aconteceu? As torcidas rivais do River se juntaram e quebraram os PMs. Quando no Brasil isso poderia acontecer? Aqui até as torcidas organizadas são divididas em gangues. Dentro da mesma torcida. E quando elas se juntam? Nunca. Se a PM intervir todos correm para todos os lados.

Durante a crise argentina entre 1999 e 2002 a classe média portenha recolhia o resto de almoço ou jantar e colocava a disposição dos mais pobres. Todos os dias. Também houve panelaço e reivindicações pelo povo e para o povo.

Aqui sempre existiu uma crise humanitária e nossa sociedade ninguém faz nada e ainda reclamam de programas como o Bolsa Família. Sob o argumento de que é uma atitude assistencialista e etc. Basta levantar um pouquinho do sofá e ver a fome que assola o país. Não precisa ir pro sertão não, pra ver miséria basta entrar em alguma favela. Mas isso é assunto para outro dia. Mas vamos voltar ao futebol.

O ano é 2010, ou seja, 24 anos após meus delírios em relação às copas e a vida. Quem foi escolhido (de última hora) chefe da delegação brasileira? André Sanches o presidente do Corinthians.

André Sanches é simplesmente um dos brasileiros com maior ligação com o tal de Kiavash "Kia" Joorabchian, um empresário anglo-iraniano, ex-dirigente da Media Sports Investment ou MSI envolvido com a máfia russa e as fuleragens do futebol.

O iraniano busca desde 2005 sua entrada no mercado global do futebol. Hoje ele atua apenas nos países da europa ocidental, Rússia, Inglaterra, Portugal e Itália. O futebol espanhol é seu principal objetivo. Lá rola a grana pesada.

Mas fugindo da escolha do nosso chefe de delegação vamos ao último amistoso da Seleção Brasileira antes da Copa: Brasil x Tanzânia. A CBF recebeu cerca de 1 milhão de dólares para jogar naquele pobre país da áfrica.

Os jornais brasileiros estamparam em suas capas que a seleção iria levar alegria aquele povo sofrido e esqueceram de colocar que a jogada da CBF só levantou o moral do Ditador Tanzaniano Julius Nyerere que mantém o país na base da força sob uma rede de corrupção que só a áfrica é capaz de produzir.

Hoje a população daquele pais tem uma expectativa média de vida de 42 anos, uma rede hospitalar decadente e um índice de analfabetismo calamitoso. Será que esse milhão de dólares não levaria mais alegria a população se fosse investido em infra-estrtura?

São por essas e por outras que nessa copa eu sou argentino desde pequenininho. E como Maradona eu grito com força: “ESTAMOS NO PAREO”